segunda-feira, 31 de outubro de 2011

MUNICIPIO DE PEREIRO DE 1939


FONTE: Adauto Odilon da Silva.

ATA INAGURAL DO EDIFICIO DOS CORREIOS E TELEGRAFOS DA CIDADE DE PEREIRO


FONTE: Adauto Odilon da Silva.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ererê Ceara - CE


Histórico
Nasceu, pelo Padre Daniel Fernandes de Moura, que possuia com seu cunhado Joaquim da Xavier Maia (Quinco Maia) uma fazenda de gado na região surgindo o povoado a partir da construção da capela, por eles fundada soba a egide de São João Nepumucema, doada pelo Sr. João Soares Félix, faz-se um estimativa de data do ano de 1776, devido a uma telha datada, encontrada anos depois na cobertura da Capela. O povoado recebeu o de Saco de Orelha, conforme versão dos antigos, devido a região ter sido descoberta quando um cavalo de nome “Orelha” de propriedade e estimação do Padre, havia sumido e encontraram morto, amoranhado nos suvacos de pedras no local sitio Flores, daí surgindo a idéia de povoarem a região.
Em 1918 passou a ser chamado “Ipiranga” e a 06 de janeiro de 1920, realizou-se a primeira feira consagrando um novo Padroeiro “Bom Jesus da Agonia” o celebrante Padre Miguel Xavier de Morais. Permaneceu o nome até a década dos anos 40, quando oficialmente uma demarcação do município, para tirar dúvidas de limites entre Pereiro e Icó, a autoridade suprema da época Sr. Getúlio Vargas tomou conhecimento da existência do povoado, não permitiu ficar o nome histórico em outro lugar e mandou um liminar, ao então Prefeito Humberto Queiroz, extinguindo o nome, que se deu a mudança em 1944, pelo mesmo Prefeito, colocando Ererê, nome indígena na tradução do Tupi – Guarani, na época língua estuda. Escolhido além de outros nomes o mais bonito, pelo nômade de muita habitação mas tranqüilidade das lagoas existentes na região (Pesquisa e dados do ex-prefeito (in memorium) Humberto Queiroz, em entrevista na 1º semana de Estudo da Comunidade de Ererê, em 1972 no GALQ na cooredenação da profº Lenice Queiroz e entrevistado por Maria Cavalcante). Seu povo viveu muitas décadas sob as rédeas governamentais de Pereiro que o edificou com obras bases fundamentais para o crescimento e preparação emancipativa da vila, através do espaço que Ererê sempre recebeu de sua ex-sede na vida política concedendo a participação dos seus filhos distritais na galeria de prefeito: Capitão Damião Martius Porto na era provinciana, X Francisco Nogueira de Queiroz, em cinco mandatos e José Guerra Lira (em três mandatos além de cargos relevantes confiados na era Republicana. Em 16 de maio de 1985 Ererê mobilizou-se por sua independência política, com seus líderes locais, Sr. Adelmo Aquino de Queiroz, José Pessao de Queiroz, José Pessoa de Queiroz Moura sob o aval ainda perstigioso do nome Francisco Nogueira de Queiroz e a participação de outros filhos impulsionaram o Deputado Osmar Diogenes colocando em votação na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará o plebiscito para Emancipação de Ererê. Alcançando o Quorum, decretou-se a eleição em 06 de outubro de 1985, e cerca de 95% dos eleitores de Ererê disseram SIM ao Plebiscito.
Gentílico: erereense
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Saco de Orelha, pela lei estadual nº 1135, de 24-11-1864, e ato provincial de 22-06-1869. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito de Saco de Orelha figura no município de Pereiro.
Assim permanecendo nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-IX-1920.
Pelo decreto-lei estadual nº 1156, de 04-12-1933, o distrito de Saco de Orelha passou a denominar-se Ipiranga. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o distrito já denominado Ipiranga, figura no município de Pereiro. Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-19337. Pelo decreto-lei estadual nº 1114, de 30-12-1943, o distrito de Ipiranga passou a denominar-se Ererê.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o distrito já denominado Ererê, figura no município de Pereiro. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960. Elevado à categoria de município com a denominação de Ererê, pela lei estadual nº 6072,
de 28-09-1962, desmembrado de Pereiro. Sede no antigo distrito de Ererê. Constituído do distrito sede. Pela lei estadual nº 7068, de 31-12-1963, é criado o distrito de São João do Ererê e
anexado ao município de Ererê.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 2 distritos: Ererê e São João do Ererê. Pela lei estadual nº 8339, de 14-12-1965, é extinto o município de Ererê, sendo seu território anexado ao município de Pereiro, como simples distrito, pois o mesmo fora criado e não instalado.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1968, o distrito de Ererê figura no município de Pereiro. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 18-VIII-1988. Elevado novamente à categoria de município com a denominação de Ererê, pela lei estadual nº 11238, de 04-06-1987, desmembrado de Pereiro. Sede no antigo distrito de Ererê. Constituído do distrito sede. Instalado em 01-01-1989. Em divisão territorial datada de 17-1-1991, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2003. Pela lei municipal nº 131, de 31-05-2005, é criado o distrito de Tomé Vieira e anexado ao município de Ererê. Pela lei municipal nº 136, de 02-06-2005, é criado o distrito de São João e anexado ao município de Ererê. Em divisão territorial datada de 2007, o município é constituído de 3 distritos: Ererê, São João e Tomé Vieira.
Alterações toponímicas distritais
Saco de Orelha para Ipiranga, alterado pelo decreto estadual nº 1156, de 04-12-1933.
Ipiranga para Ererê, alterado pelo decreto-lei estadual nº 1114, de 30-12-1943.

Iracema Ceará - CE


Histórico
Em 1830, a atual cidade de Iracema não passava de simples fazenda, com pouco mais de
uma dezena de pequenas habitações onde residiam os sitiados, os moradores que viviam do amanho da gleba e do labor do pastoreio. Chamava-se então Caxossó, Quixossó, ou ainda Caxopó. Com o correr dos anos, o pequeno lugarejo foi progredindo, surgindo então o marco natural na conquista e no povoamento dos sertões, responsável pela criação de povoados na quadra do Ceará colonial: a ereção de pequena capela sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. De acordo com os dados do Censo de 1892, Iracema já possuia nessa remota época, uma população superior a dois mil habitantes.
Em 1890, de conformidade com o decreto nº 53, com data de 30 de agosto do ano citado,
a povoação foi elevada à categoria de vila, e a sua denominação mudada para vila de Iracema, numa homenagem à personagem do romance “Iracema”, do ilustre escritor cearense José de Alencar. Pela lei estadual nº1.153 de 22 de novembro de 1951, que fixou a divisão territorial, política e administrativa do Ceará, após a reconstitucionalização do país, Iracema foi elevada à categoria de município com território desmembrado de Pereiro e a sua vila, consequentemente, elevada à categoria de cidade.
Uma das glórias de Iracema é a de ter sido berço do famoso oculista brasileiro José Cardoso de Moura Brasil, uma das maiores expressões médica das Américas.
Gentílico: iracemense
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Iracema, por lei provincial nº 13, de 20-09-1842,
subordinado ao município de Pereiro.
Elevado à categoria de vila com a denominação de Iracema, pelo decreto estadual nº 53,
de 30-08-1890, desmembrado de Pereiro. Sede na atual vila de Iracema. Constituído do distrito
sede.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído do distrito
sede.
Pelo decreto estadual nº 1156, de 04-12-1933, é extinto o município de Iracema, sendo
seu território anexado ao município de Ribeiro.
Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, o distrito de Iracema
figura como distrito do município de Pereiro.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1950.
Elevado novamente à categoria de município com a denominação de Iracema, pela lei
estadual nº 1153, de 22-11-1951, desmembrado de Pereiro. Sede no antigo distrito de Iracema.
Constituído de 2 distritos: Iracema e Potiretama. Desmembrado de Pereiro. Instalado em 25-03-1955.
Em divisão territorial datada de I-VII-1955, o município é constituído de 2 distritos:
Iracema e Potiretama.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960.
Pela lei estadual nº 6222, de 17-12-1962, desmembra do município de Iracema o distritos
de Potiretama. Elevado à categoria de município.
Pela lei estadual nº 6878, de 13-12-1963, é criado o distrito de Canidezinho e anexado ao
município de Iracema.
Pela lei estadual nº 6878, de 13-12-1963, é criado o distrito de São José e anexado ao
município de Iracema.
Pela lei estadual nº 6883, de 13-12-1963, é criado o distrito de Ema e anexado ao
município de Iracema.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 4 distritos:
Iracema, Canindézinho, Ema e São José.
Pela lei estadual nº 8339, de 14-12-1965, o município de Iracema adquiriu o extinto
município de Potiretama, figurando, como simples distrito.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1968, o município é constituído de 5 distritos:
Iracema, Canindézinho, Ema, Potiretama e São José.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 18-VIII-1988.
Pela lei estadual nº 11317, de 15-05-1987, desmembra do município de Iracema o distrito
de Potiretama e Canindézinho, para formar o novo Potiretama.
Em divisão territorial datada de 17-I-1991, o município é constituído de 3 distritos:
Iracema, Ema e São José.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1997.
Pela lei municipal nº 473, de 19-11-1999, é criado o distrito de Bastiões e anexado ao
município de Iracema.
Em divisão territorial datada de 2003, o município é constituído de 4 distritos: Iracema, e
Bastiões, Ema e São José
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

sábado, 8 de outubro de 2011

A IMPONENTE CASA GRANDE DA FAZENDA TRIGUEIRO

Fazenda Trigueiro em 2005. Fonte - http://www.flickr.com/photos/53023424

EXEMPLO ÙNICO DAS VELHAS CASAS DO SERTÃO – PEREIRO, CEARÁ

Quando estava realizando a pesquisa para a elaboração do meu livro “João Rufino-Um Visionário de Fé”, em uma ocasião tive de seguir para a região do Jaguaribe no Ceará, na tentativa de compreender as origens da família do homem que criou o grupo industrial de torrefação de café chamado Santa Clara/3Corações.

Seguia nesta viagem com os amigos Francisco Pessoa Sobrinho, mais conhecido em São Miguel como Mazinho e o Técnico da Emater Joaquim Rêgo.

Ao adentrarmos o Ceará pela área territorial da cidade de Pereiro, que se limita com São Miguel, seguimos pela sinuosa estrada CE-138. Em certo ponto fui informado que uma casa de fazenda, pintada na cor branca, de estilo moderno, era a Fazenda Campos, pertencente ao pecuarista Mardônio Diógenes, na época ainda vivo. Este homem ficaria marcado na história da região por um sério conflito entre famílias, ocorrido entre as décadas de 1970 e 1980.

Lateral da grande casa

Quando mal começávamos a entabular um diálogo para que eu pudesse conhecer um pouco mais desta história, a nossa direita passou uma grande casa, que logo me chamou a atenção. Pelo aspecto, sem dúvida nenhuma era uma casa de fazenda bem antiga, mas que se mostrou bem conservada.

Surpreso, fui informado pelos meus companheiros de viagem que esta era a casa grande da propriedade Trigueiro, pertencente a família Diógenes e que a mesma era muito antiga, tendo sido erguida por escravos.

Guardei a informação para visitar o local em uma ocasião futura.

Período da Construção

Em abril de 2010, na época do lançamento do meu livro em São Miguel, quando tive oportunidade de passar vários dias naquela bela cidade serrana potiguar, decidi realizar uma visita a sede da Fazenda Trigueiro. Nesta ocasião, uma tarde de sábado, fui sozinho e, por não conhecer seus proprietários, não sabia se eles se interessariam de mostrar a sua residência para um estranho saído lá de Natal.

Parte frontal

Ao adentrar o pátio, a minha visão foi tomada pela grande altura da lateral da vetusta e imponente casa grande. Certamente um dos poucos exemplares de sua época ainda de pé e sendo habitada por descendentes diretos da mesma família que construiu o local.

Do curral de gado saiu um cidadão de riso farto e semblante tranquilo, que me recebeu da melhor maneira possível. Este era José Dênis Vieira Diógenes, mais conhecido como Zé Dênis, que não colocou nenhum obstáculo em apresentar o velho casarão.

Em meio ao diálogo na grande mesa da sala de jantar, soube algumas interessantes informações daquele local preservado no tempo. Segundo Zé Dênis, a casa grande foi construída pelo seu antepassado Manoel Diógenes Maia e teria sido concluída em 1794, a 216 anos atrás. Toda a edificação foi realizada por escravos. Estes traziam a areia utilizada para a construção desde as margens do Rio Jaguaribe, distante da Fazenda Trigueiro 35 quilômetros. Consta que nesta época o proprietário possuía nada menos que 115 escravos.

Uma chave típica da parte interna do casarão

Um dado interessante é que a Fazenda Trigueiro foi edificada praticamente na mesma época em que a povoação que ficaria conhecida como Serra do Pereiro crescia.

Consta que em 1777 deu-se a chegada à região de Manoel Pereira e de sua família, atraídos pelas terras férteis propícias a agricultura, com inúmeras fontes naturais de água potável e clima agradável com chuvas regulares. As principais atividades econômicas que caracterizaram esta época era a plantação de milho, feijão e a criação de bovinos e esta produção seguia para o município vizinho de Icó. A área onde Manoel Pereira buscou para cuidar de sua família passa a ser conhecida primeiramente como Serra do Pereira, passando depois a Serra do Pereiro. Depois o lugar foi desmembrado de Icó e elevado à categoria de vila pela lei provincial nº 242, de 21 e outubro de 1842, com a denominação de Santos Cosme e Damião da Serra do Pereiro.

Uma das vistas da janela

Ao longo do século XIX houve na região o crescimento da plantação da cana e da produção de algodão. Ambos os produtos alcançaram altos índices de produtividade até a metade do século XX. Consta que a rapadura produzida na serra do Pereiro era conhecida pela sua ótima qualidade

Imponência

No grande casarão de 38 cômodos e 45 portas e janelas, Zé Dênis narra que seu avô Napoleão Diógenes Paes Botão foi outro grande impulsionador do crescimento econômico da Fazenda Trigueiro e da região.

Napoleão Diógenes Paes Botão

Já seu pai, José Diógenes Maia, mais conhecido na região como “Coronel Zé Diógenes”, já falecido, foi político, mas deixou a atividade para se dedicar exclusivamente a agropecuária. Nesta área obteve muito sucesso, chegando a possuir quase trinta propriedades em várias localidades. Economicamente Zé Diógenes comandava a região que ia da fronteira com o Rio Grande do Norte até a localidade onde passa o Rio Figueiredo. Casado duas vezes, Zé Diógenes foi pai de quatorze filhos, sendo que o primeiro casamento, com a Senhora Tereza Dantas, trouxe ao mundo nove filhas.

Zé Diógenes, esposa e filhas

Mas voltando ao casarão, Zé Dênis não sabe dizer com exatidão se o telhado existente ainda é o original. Ele acredita que sim, em todo caso me apresentou uma pesada e grande telha, que lhe foi informado ser original do imóvel. É uma peça de uns 50 a 60 centímetros de comprimento, por uns 25 centímetros de diâmetros, com as marcas dos dedos de quem as fez, provavelmente a mais de duzentos anos.

Ele informa que a madeira existente no teto, linhas, ripas e escadas ou são originárias de pau d’arco, ou de aroeira, ou angico. Todas árvores nobres da flora nordestina, mas atualmente são praticamente extintas na região. Neste quesito ele não tem dúvida de afirmar que toda a madeira interna da casa é original, daquelas que “cupim não rói”. Já a madeira das pesadas e grossas ripas que compõem as portas e o assoalho do sótão são todas feitas de cedro.

Zé Dênis mostrando a largura das paredes externas da casa

O sótão da casa é um caso a parte de tão grande. Acaba sendo uma outra casa dentro da casa. No “olhômetro” eu nem me arrisco a dizer a metragem daquele enorme compartimento. Ali, segundo Zé Dênis, ficavam anteriormente os escravos. Depois do fim do regime de servidão, os Diógenes trouxeram para o sótão trabalhadores contratados e junto a estes viviam alguns homens que faziam a proteção da propriedade, os famosos “cabras” . Outra função do sótão era a guarda de grandes quantidades de produtos rurais em seis quartos, além de queijo.

Coisas do “Outro Mundo”

Desde o primeiro momento que vi a casa grande do Trigueiro, os amigos Mazinho e Joaquim Rêgo me falaram que na região se sabia que no lugar apareciam almas penadas, visagens, choros e barulhos sem motivo aparente. Durante meu período em São Miguel, se por acaso surgia em alguma conversa uma referência sobre coisas do “outro mundo”, era certo que as histórias da Fazenda Trigueiro entravam na conversa.

Sótão do casarão da Trigueiro

Durante a minha visita a casa Zé Dênis confirmou que os fatos eram reais e me passou algumas informações.

Não era raro os moradores ouvirem sons de instrumentos musicais sendo tocados, em “apresentações” que duravam horas. Ele comentou que os homens que faziam a proteção do lugar, gente disposta, que só andavam armados, se borravam de medo com estes fatos e não raro um desses “cabras machos” iam embora ligeirinho da fazenda. Zé Dênis me mostrou um dos cômodos da casa que, segundo contam, morreu no local de forma inexplicável uma pessoa que ali adentrou.

Local onde eram acondicionados os queijos produzidos na fazenda. As pequenas “meias luas” aqui mostradas, eram ali colocadas para evitar que ratos chegassem aos produtos

O negócio cresceu ao ponto de sua mãe, Delcides Vieira Diógenes, a segunda esposa de Zé Diógenes, ir procurar frei Damião de Bozano, em uma das ocasiões em que ele passou pela região serrana realizando uma de suas “Santas Missões”, lá pelos anos entre 1974 e 1976. O famoso frade capuchinho recebeu D. Delcides e então recomendou simpatias e missas para as “almas do outro mundo”. Logo a situação melhorou.

Uma das simpatias de frei Damião para afastar as aparições era derramar água benta em três cantos que ele indicasse na casa.

Orgulho e Luta

Outra visão do sótão da Fazenda Trigueiro. Uma grande estrutura em "L"

Zé Dênis e sua família tem um grande orgulho em viver neste local. Chama a atenção o nível de consciência que eles possuem sobre a importância da casa grande da Fazenda Trigueiro em termos históricos e sabem que locais como aquele são raros nos dias atuais. Eles se sentem muito bem em receber visitantes que desejam conhecer o bicentenário imóvel, principalmente alunos de universidades. Ocasionalmente a família Diógenes recebe visitas de membros de órgãos governamentais, que tem ideias de incluir a residência rural em roteiros turísticos. Mas na prática Zé Dênis e seus familiares não contam com a ajuda de ninguém para manter o histórico imóvel. Ele me informou que é uma luta manter uma casa tão grande.

A família sabe que, mesmo com toda a importância histórica e as características únicas da Fazenda Trigueiro, a burocracia brasileira é extremamente complicada quando o assunto é apoiar a manutenção de um imóvel privado. Mas Zé Dênis segue na esperança que possa ser dado a imponente casa um destino que seja positivo tanto para a família Diógenes, quanto ao imóvel, que possui inegável importância para a comunidade de Pereiro e o estado do Ceará.

Zé Dênis e seus familiares. Conciencia e orgulho em morar na Fazenda Trigueiro

Depois de fotografar o interior da casa fui embora tranquilo e feliz। Enfim, em um país com pouco mais de 500 anos de história pós descobrimento, não é todo dia que visito uma casa bicentenária, com tamanho peso histórico para a compreensão da vida privada da elite agrária sertaneja.

Fonte http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/07/08/1583/



Os Fundadores da Academia Cearense de Letras Antônio Augusto de Vasconcelos

ANTÔNIO AUGUSTO DE VASCONCELOS.

Antonio Augusto de Vasconcelos

Nasceu em Maranguape, a 23 de dezembro de 1852.

Filho de Justino Augusto de Vasconcelos e de D. Francisca Cândida de Vasconcelos. Cursou o Seminário de Fortaleza, que abandonou em 1876,matriculando-se na Faculdade de Direito de Recife, onde, após um curso brilhante, recebeu com distinção o grau de bacharel,a 5 de novembro de 1880. Em Recife manteve, com os seus colegas Gil Amora, Virgílio Brígido, Pedro de Queiróz, Tarquínio de Sousa Filho e José Augusto de Sousa Amaranto, a revista "Ensaio Jurídico e Literário" e colaborou na imprensa.

Voltando ao Ceará, exerceu os cargos de Promotor de Justiça de Canindé e Granja e Juiz Municipal de Aracati e Pereiro, deixando em todas essas localidades traços da sua passagem, com a fundação de gabinetes de leitura e uma Escola Popular e pela pregação abolicionista que levou a efeito.

Desistindo das funções judiciárias, entregou-se ao magistério público e particular,lecionando História na Escola Militar e Geografia no Liceu do Ceará. Dirigiu a Biblioteca Pública do Estado.

Teve assento como deputado na Assembléia Legislativa. Foi um dos mais ardorosos defensores da idéia da fundação da Faculdade de Direito do Ceará e, criado o importante instituto em 1903, nele ocupou a cátedra de Filosofia do Direito. Fundou, com outros reputados intelectuais, o Instituto do Ceará. Dirigiu o periódico "Galeria Cearense" e colaborou no "Ceará" e na "A Verdade".

Era jornalista vibrante e orador que encantava os mais seletos auditórios, pela eloqüência, cultura clássica, ritmo das frases,sonoridade da voz e atitude imponente na tribuna. Educou primorosamente a prole, constituída de quinze filhos, dentre os quais se contavam escritores, professores e juristas, todos possuidor de vasta ilustração, o que levou Pedro de Queirós a dizer que o preclaro cearense tinha uma academia em casa. Faleceu em Fortaleza, a 10 de março de 1930.

Obras principais: "Município de Pereiro"; "Abuso de Imposto"; "A Evolução do Passado";"Apontamentos Biográficos do Dr. Moura Brasil"; "Juízo Crítico sobre o Dicionário geográfico e histórico das campanhas do Uruguai e Paraguai, pelo General Leite de Castro"; "Cristo no Júri".