No último quartel do século XVIII, especificamente em 1777, Manoel Pereira proveniente de São Bernardo de Russas no vale jaguaribano fugindo da seca que assolava o sertão cearense naquela época encontra a bonançosa região da serra dos Icós, região esta de solo fértil e irrigado pelas prolongadas chuvas de primeiro semestre que ocorrem em anos de fartura contradizendo-se com períodos de secas castigadoras, e no qual é propício para o cultivo de variadas espécies de frutas e cereais. A serra dos Icós conhecida assim pelo fato de haver índios de mesmo nome na região encontra-se a uma latitude 06º02’30” sul e a uma longitude 38º27’35” oeste, estando a uma altitude de 560 metros, e que faz fronteira ao norte com Iracema, Erere e Limoeiro do Norte, ao sul com São Miguel e Icó, a Leste com Jaguaribe e a Oeste com Dr Severiano, Encanto e Pau dos Ferros. A chegada de Manoel Pereira com numerosa família inicia a grande história do homem branco no município de Pereiro, município este que era habitado anteriormente pelos índios Cariús e Icós, estando os últimos extintos. Desde o inicio de sua ocupação as terras pereirenses mostravam-se extremamente propicias a agricultura com inúmeras fontes naturais de água potável, objeto primordial para a sobrevivência do homem, pelas suas terras férteis e clima agradável com chuvas regulares e intensivas em períodos de bonançosa fartura, contrário a outros de seca predominante e sofrimento para os organismos existentes ali. Em 1798 a visita do missionário Frei Vital da Penha trouxe consigo quantidade considerável de fieis o que contribuiu para a povoação inicial daquele lugar no coração da serra do pereiro. Por muito tempo em questões topônimas a serra recebeu o nome de Pereira em homenagem ao seu fundador Manuel Pereira, com o tempo foi mudado para Pereiro em função da enorme quantidade de árvores que tem ali com este nome, e motivo no qual os índios batizavam aquele local com tal topônimo.
Desde o início a base da economia de subsistência é a agropecuária, a plantação de milho e feijão e a criação de bovinos destacam-se não só como meio de sobrevivência, mas como meio de troca por utensílios das mais variadas espécies com o município vizinho e potência comercial da época o município de Icó que fica ao pé da serra. A sua formação histórica administrativa tem inicio no alvorecer do século XIX com a chegada de mais famílias a serra dos Icós. Em 21 de Outubro de 1842 o povoado da serra dos Icós eleva-se a categoria de vila tendo sede o lugar denominado Santos Cosme e Damião pelo decreto de 11-10-1831 e por ato provincial de 18-03-1842. Elevado à categoria de vila com a denominação de Santos Cosme e Damião da Serra do Pereiro, pela lei provincial nº 242, de 21-10-1842, desmembrado de Icó. Pela lei provincial nº 1135, de 24-11-1864 e por ato de 22-06-1869, é criado o distrito de Saco da Orelhas atual Erere e anexado a vila de Santos Cosme e Damião da Serra do Pereiro. Elevado à condição de cidade com a denominação de Pereiro, pelo decreto estadual nº 54, de 28-12-1890.
Com o tempo a difusão dos engenhos de açúcar e casas de farinha e a utilização da mão-de-obra escrava na fazenda trigueiro de Manoel Diógenes e em muitos outros lugarejos daquela serra proporcionou grande lucratividade para a vila, a plantação da cana juntamente com a do algodão alcançou altos índices de produtividade até a metade do sécula XX, a rapadura produzida na serra do Pereiro era conhecida pela sua grande qualidade em todo o vale do Jaguaribe, essas pequenas indústrias tinham seu valor econômico e nos anos bonançosos, eram transportadas em lombo de burros para vilas e cidades vizinhas.
Conforme Adauto, (1998)
“Segundo registros pesquisados, a rapadura em Pereiro pesava um quilo e cem gramas e tinha a denominação de ‘rapadura da banca’, diferente das congêneres fabricadas no Cariri. Eram também encontradas nas feiras públicas de Pereiro e nas vilas ou mesmo no vizinho Estado do Rio Grande do Norte”.
A construção de inúmeros engenhos de açúcar e de farinha foi questão de tempo no decorrer do século XIX, o algodão foi de fundamental importância para o desenvolvimento do comércio existente no município atualmente e para as famílias mais poderosas do Pereiro. O algodão no inicio era fiado, mas não tecido, em forma de fios era vendido para Pau dos Ferros no Rio Grande do Norte.
Segundo Adauto (1998)
“O beneficiamento do algodão teve inicio no final do século XIX quando uma máquina destinada para tal serviço veio de Mossoró, adquirida pelo Coronel Xavier, puxada por cinco possantes e adestradas juntas de bois, as quais, auxiliados por dezenas de trabalhadores. A tal máquina foi importada de Liverpool, cidade da Inglaterra, Condado de Lancaster, o primeiro lugar do mundo como empório algodoeiro”.
A questão do transporte era precária, como neste tempo não tinha carros na cidade de Pereiro o transporte do produto era feito por mulas, as estradas de difícil acesso não impediam os tropeiros de vagarem a serra de cima para baixo vendendo o algodão produzido na serra. O algodão teve desempenho primordial para a ascensão do comércio do município juntamente com a farinha de mandioca e a rapadura, a renda auferida com estas culturas era destinada ao último e ajudava a movimentar a economia do pequeno lugarejo.
A fauna da serra do Pereiro, outrora, Pereira, foi bastante rica e constante de variadas espécies de animais como a onça preta, vermelha, pintada, raposa, macaco, guaxinim, mocó e outros que davam à região admirável valor econômico. No subsolo do município, o calcário tem sua importância. A argila de primeira qualidade para o fabrico de telhas e tijolos, daí a riqueza mineral de excelente solo. Porém os olhos deste povo empreendedor não estavam virado apenas a exploração das riquezas naturais do seu solo, pensavam grande, e como as condições não permitiam o crescimento econômico-financeiro da sua população, jovens desbravadores voltavam sua atenção para a Amazônia e os seus encantos, época esta em que a extração da borracha estava em seu auge e a exportação alcançando altos índices valorizando em demasia aquela região tão inóspita e cheia de segredos.
Conforme Adauto (1998)
Naquela região do nosso país, a partir do século XIX, os nossos rurícolas conterrâneos, de outras atividades, inúmeros sofridos pela ingratidão das secas impiedosa e inclementes, sonhavam com o ‘inferno verde’, com seus mistérios. A exploração da borracha nos seringais já se fazia conhecer pela sua relevância econômica, haja vista, o intercâmbio internacional.
Já no século XX o comércio desenvolve-se e torna-se o ponto principal da economia pereirense, o mercado público os comerciantes vendiam produtos dos mais variados tipos, a feira que toda segunda-feira vem para o município com feirantes de Pau dos Ferros, São Miguel e Jaguaribe, tudo isso e muito mais movimenta a economia pereirense. A agricultura desde o inicio mostrou-se ser o ponto forte da economia pereirense juntamente com a pecuária, mas no final do século os aposentados e servidores públicos desempenharam papel fundamental na economia contribuindo para aumentar o movimento comercial do município. O comércio é ponto fundamental hoje. Sem os aposentados e servidores públicos o comércio estagnaria.
Um problema hoje no município é o alto nível de acumulação de riqueza por parte dos mais ricos a desigualdade financeira na população é acentuada com 0.44 no índice de gini de acordo com o ultimo censo o IBGE, os seguintes dados sobre o índice de qualidade de vida da população pode ser exposto: Incidência da Pobreza 67,15 %; Limite inferior da Incidência de Pobreza 61,33 %; Limite superior da Incidência de Pobreza 72,97 %; Incidência da Pobreza Subjetiva 75,64 %; Limite inferior da Incidência da Pobreza Subjetiva 70,36 %; Limite superior Incidência da Pobreza Subjetiva 80,91 %. O volume pluviométrico anual na região é de 1047,9mm. Pode-se destacar como principais caracteristicias econômicas da região pelo lado da agricultura a exploração do algodão arbóreo e herbáceo, Arroz, Milho e Feijão, a pecuária se destaca pela criação de bovinos, aves e suínos, um ponto forte que pode ser explorado de forma que possa melhorar as condições de vida da população pereirense no quesito que se refere a economia é o turismo, o município tem um potencial enorme nesta questão temos como principais pontos e festas turísticas do município o seguinte: Festa do Município (30 de agosto); Festa de São José (19 de março); Festa do Padroeiro (27 de setembro); Festa de São Vincente (julho); Monte Cristo Rei, com estátua de braços abertos para a cidade, acesso pavimentado. aproximadamente 2 km do centro; Mirante no Sítio Carvão, de onde se pode olhar todo o baixo Jaguaribe da qual se pode praticar Paragliding, acesso: estrada piçarrada.
No decorrer do último quartel do século XX veio ao território pereirense a cultura do mamoeiro, fruto este que trouxe renda extra para os agricultores possuidores de terras extensas, porém foi uma renda de curto prazo, devido à grande quantidade de água requerida para o seu cultivo e as doenças do mamão a cultura foi abandonada. A castanha de caju também traz renda extra para os agricultores contribuindo para a formação de um pólo na exploração desta cultura. Vários projetos do governo federal como bolsa família vem contribuindo para aumentar a renda dos menos favorecidos da região, diminuindo a desigualdade financeira que era bem acentuada em períodos passados. Hoje a manga tem lugar garantido, juntamente com a banana, coco da baia e muitas outras culturas, o solo é fértil e cheio de nutrientes, o que torna a agricultura o braço forte da economia de Pereiro juntamente com o comércio. Mais adiante será apresentado dados do ultimo censo do IBGE sobre a agropecuária pereirense.
Hoje o município de Pereiro tem 15.291 habitantes, com uma instituição financeira que é o Banco do Brasil e em menor expressão o Bradesco e Caixa Econômica, tem o PIB a preço de mercado corrente de R$34.778, com o setor de serviços tendo a maior participação, como foi destacado anteriormente os funcionários públicos e aposentados quem movimenta a economia sem eles tudo paralisaria, portanto a participação no PIB é de R$26.089 logo a frente da agropecuária e da indústria com R$3.890 e R$3.016 respectivamente, os impostos vem logo atrás com uma participação de R$1.782 no PIB. O município tem hoje 7 indústrias de transformação de pequeno porte e 3 indústrias de construção, nos serviços e impostos se destaca a empresa prestadora de serviços de internet do interior nordestino, a Brisanet, empresa esta registrada no território pereirense e que atua de forma empregatícia para a população do município, e que disponibiliza internet de qualidade para a cidade o que torna a inclusão digital bem acentuada tornando a população informatizada.
Segundo dados do IBGE a agropecuária pereirense têm os seguintes dados: Bovinos - efetivo dos rebanhos 6.806 cabeças; Eqüinos - efetivo dos rebanhos 295 cabeças; Asininos - efetivo dos rebanhos 1.729 cabeças; Muares - efetivo dos rebanhos 303 cabeças; Suínos - efetivo dos rebanhos 3.751 cabeças; Caprinos - efetivo dos rebanhos 2.293 cabeças; Ovinos - efetivo dos rebanhos 1.902 cabeças; Galos, frangas, frangos e pintos - efetivo dos rebanhos 25.099 cabeças; Galinhas - efetivo dos rebanhos 25.223 cabeças; Vacas ordenhadas - quantidade 1.918 cabeças; Leite de vaca - produção - quantidade 1.209 Mil litros; Ovos de galinha - produção - quantidade 177 Mil dúzias.
A agricultura por sua vez tem representação na produção de feijão com produção anual de 448 Toneladas rendendo 437 mil reais anuais para os produtores, o milho com produção anual de 2.339 Toneladas, com renda de 928 Mil por ano. Segue outras culturas de grande importância e os dados passados pelo IBGE: Banana - Quantidade produzida 400 Tonelada, Valor da produção 99 Mil Reais, Área plantada 25 Hectare, Rendimento médio 16.000 Quilogramas por Hectare; Castanha de caju - Quantidade produzida 22 Tonelada, Valor da produção 18 Mil Reais, Área plantada 230 Hectare, Área colhida 230 Hectare, Rendimento médio 95 Quilogramas por Hectare; Coco-da-baía - Quantidade produzida 11 Mil frutos, Valor da produção 4 Mil Reais, Área plantada 2 Hectare, Área colhida 2 Hectare, Rendimento médio 5.500 Frutos por Hectare; Mamão - Quantidade produzida 1.000 Tonelada, Valor da produção 249 Mil Reais, Área plantada 20 Hectare, Área colhida 20 Hectare, Rendimento médio 50.000 Quilogramas por Hectare; Manga - Quantidade produzida 153 Tonelada, Valor da produção 69 Mil Reais, Área plantada 17 Hectare, Área colhida 17 Hectare, Rendimento médio 9.000 Quilogramas por Hectare;
Além da agropecuária e do comércio o setor de turismo da região pereirense tem um forte potencial para crescer, com os seus inúmeros pontos turísticos, como o monte cristo, o mirante do carvão, várias cachoeiras e matas virgens inexploradas pelo homem, têm também as obras arquitetônicas, a igreja dos santos Cosme e Damião do século XIX de arquitetura onipotente sobre as outras e a praça da matriz de design moderno o que torna o centro de pereiro um local de eventos e reuniões de sua população. Portanto, pode-se destacar que o potencial maior para o município esteja voltado para o turismo, pois outro meio é praticamente impossível, indústrias de grande porte ainda não fixaram em Pereiro devido a sua localização, fica muito distante da capital Fortaleza e da BR 116 principal via de comunicação com a capital cearense, o custo beneficio para a instalação de uma empresa produtora de bens de consumo como sapatos por exemplo é impossível devido a estes fatores e as condições das estradas são precárias, por tal motivo a maior parte de jovens deste município voltam os olhos para os centros financeiros do país, Fortaleza e São Paulo, todos os anos vários deles saem de sua terra natal em busca de melhores condições de vida, portanto, vale apena ressaltar o valor que o turismo tem para o desenvolvimento da região.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Odilon da Silva, A. Pereiro Serra dos Santos Cosme e Damião. 1. ed. Fortaleza: RBS, 2004.
Odilon da Silva, A. Filhos Ilustres do Pereiro. 1. ed. Fortaleza, 1990.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – IBGE. O Brasil município por município: Pereiro/CE. 2007. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 . Acesso em: 12 Jul 2009.
Texto por Bruno Morais.
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