segunda-feira, 13 de julho de 2009

Resumo histórico sobre a formação econômica de Pereiro.

No último quartel do século XVIII, especificamente em 1777, Manoel Pereira proveniente de São Bernardo de Russas no vale jaguaribano fugindo da seca que assolava o sertão cearense naquela época encontra a bonançosa região da serra dos Icós, região esta de solo fértil e irrigado pelas prolongadas chuvas de primeiro semestre que ocorrem em anos de fartura contradizendo-se com períodos de secas castigadoras, e no qual é propício para o cultivo de variadas espécies de frutas e cereais. A serra dos Icós conhecida assim pelo fato de haver índios de mesmo nome na região encontra-se a uma latitude 06º02’30” sul e a uma longitude 38º27’35” oeste, estando a uma altitude de 560 metros, e que faz fronteira ao norte com Iracema, Erere e Limoeiro do Norte, ao sul com São Miguel e Icó, a Leste com Jaguaribe e a Oeste com Dr Severiano, Encanto e Pau dos Ferros. A chegada de Manoel Pereira com numerosa família inicia a grande história do homem branco no município de Pereiro, município este que era habitado anteriormente pelos índios Cariús e Icós, estando os últimos extintos. Desde o inicio de sua ocupação as terras pereirenses mostravam-se extremamente propicias a agricultura com inúmeras fontes naturais de água potável, objeto primordial para a sobrevivência do homem, pelas suas terras férteis e clima agradável com chuvas regulares e intensivas em períodos de bonançosa fartura, contrário a outros de seca predominante e sofrimento para os organismos existentes ali. Em 1798 a visita do missionário Frei Vital da Penha trouxe consigo quantidade considerável de fieis o que contribuiu para a povoação inicial daquele lugar no coração da serra do pereiro. Por muito tempo em questões topônimas a serra recebeu o nome de Pereira em homenagem ao seu fundador Manuel Pereira, com o tempo foi mudado para Pereiro em função da enorme quantidade de árvores que tem ali com este nome, e motivo no qual os índios batizavam aquele local com tal topônimo.

Desde o início a base da economia de subsistência é a agropecuária, a plantação de milho e feijão e a criação de bovinos destacam-se não só como meio de sobrevivência, mas como meio de troca por utensílios das mais variadas espécies com o município vizinho e potência comercial da época o município de Icó que fica ao pé da serra. A sua formação histórica administrativa tem inicio no alvorecer do século XIX com a chegada de mais famílias a serra dos Icós. Em 21 de Outubro de 1842 o povoado da serra dos Icós eleva-se a categoria de vila tendo sede o lugar denominado Santos Cosme e Damião pelo decreto de 11-10-1831 e por ato provincial de 18-03-1842. Elevado à categoria de vila com a denominação de Santos Cosme e Damião da Serra do Pereiro, pela lei provincial nº 242, de 21-10-1842, desmembrado de Icó. Pela lei provincial nº 1135, de 24-11-1864 e por ato de 22-06-1869, é criado o distrito de Saco da Orelhas atual Erere e anexado a vila de Santos Cosme e Damião da Serra do Pereiro. Elevado à condição de cidade com a denominação de Pereiro, pelo decreto estadual nº 54, de 28-12-1890.

Com o tempo a difusão dos engenhos de açúcar e casas de farinha e a utilização da mão-de-obra escrava na fazenda trigueiro de Manoel Diógenes e em muitos outros lugarejos daquela serra proporcionou grande lucratividade para a vila, a plantação da cana juntamente com a do algodão alcançou altos índices de produtividade até a metade do sécula XX, a rapadura produzida na serra do Pereiro era conhecida pela sua grande qualidade em todo o vale do Jaguaribe, essas pequenas indústrias tinham seu valor econômico e nos anos bonançosos, eram transportadas em lombo de burros para vilas e cidades vizinhas.

Conforme Adauto, (1998)

Segundo registros pesquisados, a rapadura em Pereiro pesava um quilo e cem gramas e tinha a denominação de ‘rapadura da banca’, diferente das congêneres fabricadas no Cariri. Eram também encontradas nas feiras públicas de Pereiro e nas vilas ou mesmo no vizinho Estado do Rio Grande do Norte”.

A construção de inúmeros engenhos de açúcar e de farinha foi questão de tempo no decorrer do século XIX, o algodão foi de fundamental importância para o desenvolvimento do comércio existente no município atualmente e para as famílias mais poderosas do Pereiro. O algodão no inicio era fiado, mas não tecido, em forma de fios era vendido para Pau dos Ferros no Rio Grande do Norte.

Segundo Adauto (1998)

O beneficiamento do algodão teve inicio no final do século XIX quando uma máquina destinada para tal serviço veio de Mossoró, adquirida pelo Coronel Xavier, puxada por cinco possantes e adestradas juntas de bois, as quais, auxiliados por dezenas de trabalhadores. A tal máquina foi importada de Liverpool, cidade da Inglaterra, Condado de Lancaster, o primeiro lugar do mundo como empório algodoeiro”.

A questão do transporte era precária, como neste tempo não tinha carros na cidade de Pereiro o transporte do produto era feito por mulas, as estradas de difícil acesso não impediam os tropeiros de vagarem a serra de cima para baixo vendendo o algodão produzido na serra. O algodão teve desempenho primordial para a ascensão do comércio do município juntamente com a farinha de mandioca e a rapadura, a renda auferida com estas culturas era destinada ao último e ajudava a movimentar a economia do pequeno lugarejo.

A fauna da serra do Pereiro, outrora, Pereira, foi bastante rica e constante de variadas espécies de animais como a onça preta, vermelha, pintada, raposa, macaco, guaxinim, mocó e outros que davam à região admirável valor econômico. No subsolo do município, o calcário tem sua importância. A argila de primeira qualidade para o fabrico de telhas e tijolos, daí a riqueza mineral de excelente solo. Porém os olhos deste povo empreendedor não estavam virado apenas a exploração das riquezas naturais do seu solo, pensavam grande, e como as condições não permitiam o crescimento econômico-financeiro da sua população, jovens desbravadores voltavam sua atenção para a Amazônia e os seus encantos, época esta em que a extração da borracha estava em seu auge e a exportação alcançando altos índices valorizando em demasia aquela região tão inóspita e cheia de segredos.

Conforme Adauto (1998)

Naquela região do nosso país, a partir do século XIX, os nossos rurícolas conterrâneos, de outras atividades, inúmeros sofridos pela ingratidão das secas impiedosa e inclementes, sonhavam com o ‘inferno verde’, com seus mistérios. A exploração da borracha nos seringais já se fazia conhecer pela sua relevância econômica, haja vista, o intercâmbio internacional.

Já no século XX o comércio desenvolve-se e torna-se o ponto principal da economia pereirense, o mercado público os comerciantes vendiam produtos dos mais variados tipos, a feira que toda segunda-feira vem para o município com feirantes de Pau dos Ferros, São Miguel e Jaguaribe, tudo isso e muito mais movimenta a economia pereirense. A agricultura desde o inicio mostrou-se ser o ponto forte da economia pereirense juntamente com a pecuária, mas no final do século os aposentados e servidores públicos desempenharam papel fundamental na economia contribuindo para aumentar o movimento comercial do município. O comércio é ponto fundamental hoje. Sem os aposentados e servidores públicos o comércio estagnaria.

Um problema hoje no município é o alto nível de acumulação de riqueza por parte dos mais ricos a desigualdade financeira na população é acentuada com 0.44 no índice de gini de acordo com o ultimo censo o IBGE, os seguintes dados sobre o índice de qualidade de vida da população pode ser exposto: Incidência da Pobreza 67,15 %; Limite inferior da Incidência de Pobreza 61,33 %; Limite superior da Incidência de Pobreza 72,97 %; Incidência da Pobreza Subjetiva 75,64 %; Limite inferior da Incidência da Pobreza Subjetiva 70,36 %; Limite superior Incidência da Pobreza Subjetiva 80,91 %. O volume pluviométrico anual na região é de 1047,9mm. Pode-se destacar como principais caracteristicias econômicas da região pelo lado da agricultura a exploração do algodão arbóreo e herbáceo, Arroz, Milho e Feijão, a pecuária se destaca pela criação de bovinos, aves e suínos, um ponto forte que pode ser explorado de forma que possa melhorar as condições de vida da população pereirense no quesito que se refere a economia é o turismo, o município tem um potencial enorme nesta questão temos como principais pontos e festas turísticas do município o seguinte: Festa do Município (30 de agosto); Festa de São José (19 de março); Festa do Padroeiro (27 de setembro); Festa de São Vincente (julho); Monte Cristo Rei, com estátua de braços abertos para a cidade, acesso pavimentado. aproximadamente 2 km do centro; Mirante no Sítio Carvão, de onde se pode olhar todo o baixo Jaguaribe da qual se pode praticar Paragliding, acesso: estrada piçarrada.

No decorrer do último quartel do século XX veio ao território pereirense a cultura do mamoeiro, fruto este que trouxe renda extra para os agricultores possuidores de terras extensas, porém foi uma renda de curto prazo, devido à grande quantidade de água requerida para o seu cultivo e as doenças do mamão a cultura foi abandonada. A castanha de caju também traz renda extra para os agricultores contribuindo para a formação de um pólo na exploração desta cultura. Vários projetos do governo federal como bolsa família vem contribuindo para aumentar a renda dos menos favorecidos da região, diminuindo a desigualdade financeira que era bem acentuada em períodos passados. Hoje a manga tem lugar garantido, juntamente com a banana, coco da baia e muitas outras culturas, o solo é fértil e cheio de nutrientes, o que torna a agricultura o braço forte da economia de Pereiro juntamente com o comércio. Mais adiante será apresentado dados do ultimo censo do IBGE sobre a agropecuária pereirense.

Hoje o município de Pereiro tem 15.291 habitantes, com uma instituição financeira que é o Banco do Brasil e em menor expressão o Bradesco e Caixa Econômica, tem o PIB a preço de mercado corrente de R$34.778, com o setor de serviços tendo a maior participação, como foi destacado anteriormente os funcionários públicos e aposentados quem movimenta a economia sem eles tudo paralisaria, portanto a participação no PIB é de R$26.089 logo a frente da agropecuária e da indústria com R$3.890 e R$3.016 respectivamente, os impostos vem logo atrás com uma participação de R$1.782 no PIB. O município tem hoje 7 indústrias de transformação de pequeno porte e 3 indústrias de construção, nos serviços e impostos se destaca a empresa prestadora de serviços de internet do interior nordestino, a Brisanet, empresa esta registrada no território pereirense e que atua de forma empregatícia para a população do município, e que disponibiliza internet de qualidade para a cidade o que torna a inclusão digital bem acentuada tornando a população informatizada.

Segundo dados do IBGE a agropecuária pereirense têm os seguintes dados: Bovinos - efetivo dos rebanhos 6.806 cabeças; Eqüinos - efetivo dos rebanhos 295 cabeças; Asininos - efetivo dos rebanhos 1.729 cabeças; Muares - efetivo dos rebanhos 303 cabeças; Suínos - efetivo dos rebanhos 3.751 cabeças; Caprinos - efetivo dos rebanhos 2.293 cabeças; Ovinos - efetivo dos rebanhos 1.902 cabeças; Galos, frangas, frangos e pintos - efetivo dos rebanhos 25.099 cabeças; Galinhas - efetivo dos rebanhos 25.223 cabeças; Vacas ordenhadas - quantidade 1.918 cabeças; Leite de vaca - produção - quantidade 1.209 Mil litros; Ovos de galinha - produção - quantidade 177 Mil dúzias.

A agricultura por sua vez tem representação na produção de feijão com produção anual de 448 Toneladas rendendo 437 mil reais anuais para os produtores, o milho com produção anual de 2.339 Toneladas, com renda de 928 Mil por ano. Segue outras culturas de grande importância e os dados passados pelo IBGE: Banana - Quantidade produzida 400 Tonelada, Valor da produção 99 Mil Reais, Área plantada 25 Hectare, Rendimento médio 16.000 Quilogramas por Hectare; Castanha de caju - Quantidade produzida 22 Tonelada, Valor da produção 18 Mil Reais, Área plantada 230 Hectare, Área colhida 230 Hectare, Rendimento médio 95 Quilogramas por Hectare; Coco-da-baía - Quantidade produzida 11 Mil frutos, Valor da produção 4 Mil Reais, Área plantada 2 Hectare, Área colhida 2 Hectare, Rendimento médio 5.500 Frutos por Hectare; Mamão - Quantidade produzida 1.000 Tonelada, Valor da produção 249 Mil Reais, Área plantada 20 Hectare, Área colhida 20 Hectare, Rendimento médio 50.000 Quilogramas por Hectare; Manga - Quantidade produzida 153 Tonelada, Valor da produção 69 Mil Reais, Área plantada 17 Hectare, Área colhida 17 Hectare, Rendimento médio 9.000 Quilogramas por Hectare;

Além da agropecuária e do comércio o setor de turismo da região pereirense tem um forte potencial para crescer, com os seus inúmeros pontos turísticos, como o monte cristo, o mirante do carvão, várias cachoeiras e matas virgens inexploradas pelo homem, têm também as obras arquitetônicas, a igreja dos santos Cosme e Damião do século XIX de arquitetura onipotente sobre as outras e a praça da matriz de design moderno o que torna o centro de pereiro um local de eventos e reuniões de sua população. Portanto, pode-se destacar que o potencial maior para o município esteja voltado para o turismo, pois outro meio é praticamente impossível, indústrias de grande porte ainda não fixaram em Pereiro devido a sua localização, fica muito distante da capital Fortaleza e da BR 116 principal via de comunicação com a capital cearense, o custo beneficio para a instalação de uma empresa produtora de bens de consumo como sapatos por exemplo é impossível devido a estes fatores e as condições das estradas são precárias, por tal motivo a maior parte de jovens deste município voltam os olhos para os centros financeiros do país, Fortaleza e São Paulo, todos os anos vários deles saem de sua terra natal em busca de melhores condições de vida, portanto, vale apena ressaltar o valor que o turismo tem para o desenvolvimento da região.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


Odilon da Silva, A. Pereiro Serra dos Santos Cosme e Damião. 1. ed. Fortaleza: RBS, 2004.

Odilon da Silva, A. Filhos Ilustres do Pereiro. 1. ed. Fortaleza, 1990.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – IBGE. O Brasil município por município: Pereiro/CE. 2007. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 . Acesso em: 12 Jul 2009.

Texto por Bruno Morais.


0 comentários:

Postar um comentário